terça-feira, 7 de junho de 2011

Monitorização de um SBR/frasco de merda

Como já tinha dito aqui  no blog, no 3º ano, a minha professora favorita, de um modo totalmente aleatório, e ai de que diga o contrário, deu-me como trabalho do semestre monitorizar um SBR (Sequencing Batch Reactor). Basicamente é um reactor anaeróbio para produção de biogás.
Para quem não está muito interessado na base científica da coisa, um SBR é um frasco com merda aquecida e fechado.
Recebemos só o material, e três garrafões de merda, um de galinha, um de vaca e outro com as lamas anaeróbias, basicamente lama de ETAR, daquela cheirosinha.
Primeiro a minha professora querida e adorada mandou esterilizar o reactor. Aquilo vai levar esterco e é preciso esterilizar? Sério?
Lá esterilizamos o frasco e o meu grupo, sem mim porque mal abriram os garrafões a Caracóis já estava fora da porta a vomitar-se toda, encheu aquilo com as quantidades certas de cada coisa. Ficou um leve aroma na sala, mas trabalho é trabalho…


Depois de cheio e fechado montou-se o resto, uma panela com água a ferver e uma bomba para fazer a água passar nos tubos que estavam enrolados à volta do reactor para aquecer a merda. Ah, um termómetro para termos a certeza que a merda ia estar sempre a 35ºC e um agitador lá dentro para não haver sedimentação.
Até aqui tudo bem, com o reactor fechado já não cheirava tão mal e até se aguentava dentro da sala, o pior mesmo era todas as semanas abrir uma torneirinha e retirar pelo menos 100 ml de amostra para analisar.
Ora bem, se a merda, por si só já cheira mal, merda fechada e aquecida chega ao extremo e ou íamos buscar a amostra antes do almoço e depois já não comíamos porque estávamos enojados ou íamos depois do almoço e tínhamos o cheiro da merda aquecida mais o do vomitado. Além disso ainda tínhamos que escolher uma hora em que o laboratório estivesse vazio porque corríamos o risco de levar no focinho se abríssemos o reactor com gente lá.
Com a amostra eram feitas 6 análises, uma das quais consistia em filtrar a merda e secá-la numa estufa para ver o peso dos sólidos, as outras já eram mais sérias.
Depois de fazer isto um mês já estávamos bem habituados ao aroma da coisa, por isso já não incomodava tanto. Montamos então um medidor de biogás e qual não é o nosso espanto quando vimos que conseguimos mesmo produzir biogás? Primeiro tínhamos valores muito baixos, mas chegou a uma altura em que já eram mais altos e passados quase 3 meses já toda a gente tinha medo de se aproximar do reactor porque podia estourar a qualquer momento e um banho de merda, mesmo quente, não deve ser muito agradável.
Com isto tudo não tive oportunidade de fazer monitorização de limpeza de águas residuais, como os outros grupos da turma, mas acabei por gostar e agrada-me a ideia de a merda servir para alguma coisa. Afinal com tantos aviários e explorações em Portugal e com o petróleo a atingir preços exorbitantes, sempre podemos utilizar merda para produzir energia.

2 comentários:

  1. Ahm... por momentos o meu jantar quis ir dar um passeio fora do meu estômago. xD

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  2. E só leste, acredita que se estivesses lá tinha dado mesmo XD

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