terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Caracois Dourados e os três ursos

Era uma vez três ursos que moravam juntos numa linda casinha, no meio da floresta.
O primeiro era um urso pequenino, o segundo era um urso médio, e o terceiro, um urso muito grande. O primeiro tinha uma voz fininha, o segundo tinha uma voz média e o terceiro, uma voz muito grossa.
Cada um deles tinha um prato para a sopa. O urso pequeno tinha um prato pequenino, o urso médio, um prato médio e o urso grande, um prato grande.
Cada um deles tinha também uma cama e uma cadeira. A cama e a cadeira do ursinho eram pequeninas, a cama e a cadeira do urso médio eram médias e a cama e a cadeira do urso grande eram grandes.
Uma bela manhã, os três ursos foram passear pela floresta, deixando a sopa a arrefecer nos três pratos sobre a mesa. E, enquanto passeavam, uma menina chamada Caracois Dourados apareceu em frente da casita. Era a primeira vez que ela via uma casa tão engraçada.
Cheia de curiosidade, espreitou pela janela e, depois, pelo buraco da fechadura…
Não vendo ninguém, Caracois Dourados empurrou a porta e entrou. Encontrou a sopa, muito apetitosa, a arrefecer sobre a mesa.
Caracois Dourados estava cheia de fome e resolveu comer um pouco daquela sopa apetitosa. Provou primeiro a sopa do urso grande, mas estava muito quente. Provou a sopa do urso médio, mas estava muito fria. Pegou, então, no prato do urso pequeno e provou a sopa. A sopa do urso pequeno estava morninha… Caracois Dourados achou-a tão boa que comeu a papa toda sem deixar nada.
Em seguida, Caracois Dourados sentou-se na cadeira do urso grande, mas achou-a dura de mais.
Sentou-se, então, noutra cadeira, a cadeira do urso médio, mas achou-a mole demais.
Finalmente, sentou-se na terceira cadeira, a cadeira do urso pequenino, e a esta não a achou nem muito dura nem muito mole, mas exactamente como convinha. Quis baloiçar-se um pouco nela…
Mas o pé da cadeira partiu-se e eis Caracois Dourados de costas no chão e pernas para o ar! Levantou-se, subiu a escada e entrou no quarto de cima, onde estavam as camas dos três ursos.
Levantou-se e dirigiu-se para o quarto. Começou por se deitar na cama do urso grande, mas era muito alta para ela. Deitou-se depois na cama média, mas era ainda grande demais. Deitou-se, por fim, na cama pequenina e esta era precisamente à sua medida. Caracois Dourados enfiou-se por baixo da manta e adormeceu profundamente.
Entretanto, os três ursos voltaram para casa. Caracois Dourados deixara a colher no prato do urso grande. Alguém mexeu na minha sopa, disse o urso grande, com a sua voz grossa. Alguém mexeu na minha sopa, disse o urso médio, com a sua voz média. Alguém mexeu na minha sopa e comeu-a toda, exclamou o urso pequenino com a sua voz fininha e com vontade de chorar…
Que é que os ursos viram então? A almofada da cadeira grande não estava no lugar. Alguém se sentou na minha cadeira, disse o urso maior, com a sua voz grossa. Alguém se sentou na minha cadeira, disse o urso médio, com a sua voz média. Hi, hi, hi! Alguém se sentou na minha cadeira e partiu-lhe uma perna, chorou o urso mais pequenino, com a sua voz fininha.
Então os ursos subiram para o seu quarto. A almofada do urso grande estava aos pés da cama. Alguém se deitou na minha cama, disse o urso grande, com a sua voz grossa. Alguém se deitou na minha cama, disse o urso médio, com a sua voz média. O urso pequenino olhou, também, para a sua cama: a almofada estava no seu lugar mas sobre ela qualquer coisa brilhava. Eram… os cabelos de Caracois Dourados.
Mesmo a dormir, Caracois Dourados bem ouviu a voz grossa do urso grande, mas pensou que era o ruído de um trovão. Bem ouviu, a seguir, a voz média do urso médio, mas pensou que era o barulho do vento. Finalmente, a vozita do urso pequenino era tão aguda que a acordou. Sentou-se a esfregar os olhos e viu os ursos mesmo à sua frente.
Cheia de medo, saltou da cama e correu para a janela. A janela estava totalmente aberta, porque os ursos nunca a fechavam quando, de manhã, saíam do quarto. Como não era muito alta, Caracóis Dourados pode saltá-la. Escapando-se muito ligeira, voltou para junto da mãe e nunca mais voltou a fugir para a floresta.

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